200 segundos marcantes




Existem momentos que, acredito, me vão acompanhar por toda a vida. Lembro nitidamente o primeiro dia de aulas, não porque tenha sido especialmente peculiar, nem tão-pouco por ter sido o primeiro, mas porque foi nesse dia que o meu coração palpitou desenfreado por alguém. Chamava-se Marta: cabelo castanho atrás da orelha, fato-macaco e resposta pronta e rápida. Mas posso enumerar outros: a primeira vez que fui chamado para representar a escola, num sarau de dança europeia. Quando uma salva de palmas me foi dada por uma menção honrosa, num concurso de banda desenhada de tema livre. A primeira vez que apareci na televisão, na série A Mulher do Senhor Ministro. O primeiro anúncio que gravei (Busca Alex, busca Sumol). O telefonema a dizer que ia fazer a nova novela da RTP, Terra Mãe, em 1997. A primeira cena dramática que gravei, com Armando Cortez. O meu primeiro teatro, o Maria Matos. E a primeira vez que senti aquele cheiro do teatro. Pelo caminho, perdeu-se a inocência. Estes primeiros segundos são os que nos determina, o que nos transforma. Estes são os 200 segundos que me fazem ver em vez de olhar.




Diogo Morgado em entrevista à Revista Máxima.


1 comentário:

Anónimo disse...

O Diogo é fantástico. Seja como actor seja, e é o mais importamte, como pessoa. Este extracto da entrevista à Máxima revela uma sensibilidade e um carácter extraordinários. Arriscaria mesmo a afirmar que é raro em jovens da sua idade e mais escasso ainda quando se é excelente...